TRABALHO ESCRAVO Trabalhadores são encontrados em condições semelhantes à escravidão

Por RUBEM LEITE (Texto e fotos)

Trabalhadores em condições análogas aos de escravos foram encontrados pelas equipes de fiscalização da Femarh, (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), da Cipa (Companhia Independente de Polícia Ambiental) e da Delegacia de Polícia de Meio Ambienta, durante a fiscalização em madeireiras na vicinal 16 da Vila Nova Colina, Município de Rorainópolis, no sul do Estado.

No decorrer da operação Dinizia, quando os fiscais realizavam os trabalhos de cubagem da madeira, que é o processo de obtenção do volume de toras, a fim de comparar o estoque do pátio da serraria com as autorizações emitidas no sistema DOF (Documento de Origem Florestal), os fiscais perceberam a uma grande coluna de fumaça e barulho de funcionamento de motosserras que vinham de uma picada (pequena estrada) que levava a uma clareira no terreno da madeireira.

Este local fica no fundo do pátio de uma das madeireiras embargadas durante a operação. Ao percorrer o caminho foram encontrados alguns fornos de queima de madeira para a produção de carvão. Próximo dali a equipe se deparou com diversas fileiras de fornos de queima. Nesse momento muitos trabalhadores que alimentavam os fornos com madeira fugiram para a mata para se esconderem. No entanto muitos não perceberam a chegadas dos fiscais e permaneceram trabalhando. Venezuelanos, cubanos e brasileiros, vindos dos Estados do Maranhão, Pará e Amazonas permaneceram na carvoaria.

Durante a verificação no local foram constatadas as condições sub-humanas as quais os trabalhadores eram submetidos para a produção do carvão. Os alojamentos, sanitários e banheiros tomados pela sujeira. O local onde são cozidos os alimentos extremamente precários. “Nosso almoçoé arroz e feijão com maxixe, sem mistura. O rancho tem que ser feito por nós mesmos e no momento estamos sem vale para comprar a carne e tem que ser desse jeito”, disse o cabisbaixo e magro carvoeiro, vindo do Maranhão.

Segundo ele, os trabalhadores são aliciados no Estado de origem. Eles recebem a passagem para vir pra Roraima e tem que pagar com trabalho. “Quando chegamos aqui temos que fazer carvão pra pagar a passagem pro patrão. São meses de trabalho porque o que recebemos aqui é um real por cada saco de carvão produzido”, acrescentou.

Ao final da operação, toda a situação foi informada à Promotoria do Ministério Público Estadual em Rorainópolis para as providências legais.

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